sábado, 30 de agosto de 2008

Capítulo 2. Ou seria ,não se fala em jardineira ?

A claridade invadia sua janela.Mas ,ainda sim era por mérito dela decidir,se engolia ou mastigava as pílulas.De qualquer forma, adentravam o seu estômago.E ela esperava de uma forma agonizante a dor se render e evacuar de uma só vez ,à cada duas horas.Era atenciosa e assistia ,sempre fazendo as mesmas perguntas às enfermeiras.Que eram bem pacientes e de jeito ou de outros se afeiçoavam à ela.Penteavam-lhe os cabelos , e ela dolorosamente observava as madeixas, se esvaindo por entre os dentes da escova.Todos os dias pedia para que lhe colocassem batom.Pois, por mais doente que estivesse,queria que lhe vissem com cor,e parecesse cheia de vida.
Ah! se ela pudesse,..Naquele metro-quadrado,todo amor que ela desconhecia,cabia e lhe sobrava, ainda um tanto.
Contava os azulejos azuis ,descascados.não tinha muito o que fazer.Também recebia cartas , e as devorava como seus livros e maçãs.Não importava o que diziam.Quando tinha forças, ela respondia,quando não tinha,. usava um gravador ,que pertencera ao avô de uma amiga.Pois,o seu, ela não chegou nem a conhecer.Também não sabia mais, quem eram seus pais.Há muito tempo náo os via.Minto!Fazia um pouco mais de quatro anos.Mas, acredito que, não sabiam que, Doc .(ela gostava de ser intitulada)estava há dois an0s ,com as espinha presa à cama de um hospital.
Anita, ou melhor.. Doc, não se interessava em ver que os pais lhe visitariam um dia.Talvez se encaixasse melhor, em uma moldura simples,que ela não sentia falta, na cabeçeira.Ela tinha uma obscessão por fotografias,mas,não eram simples.ainda mais quando se tratavam de gravuras dela.Mandava toda semana por envelopes, de cores creme e azul.As fotos eram repetidas,mas, nelas continham uma informação vaga, de que ainda tinha vida.Retratavam seus pés e as unhas que variavam as cores.Desta vez estavam vermelhas.Elas pensava que desse jeito,podiam soar que mesmo que estivesse morrendo, seus pés não mudariam de posição ou cor.Exceto é claro, as unhas. E só então ,quando estivessem sem esmaltes,ela haveria partido.Partindo corações, e partindo os fios que legavam alguns de seus pensamentos e membros.
A certeza de que ,ela morreria,não agradava ,mas, também não ofuscava, o brilho que tinha no olhar perdido que fazia ao acordar.Não aliviava dor,e não a fazia sorrir , como quando ela via Tom & Jerry na tevê do quarto.

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